Intolerância religiosa, nem por um segundo...



“Não haverá paz entre as nações sem antes haver paz entre as religiões” Hans Kung

A construção de uma cultura de justiça, paz e convívio humano se impõe nesta aldeia global. Na era da globalização faz-se necessário um ethos global, pois a globalização da economia, da tecnologia e das comunicações forja também uma globalização dos problemas que ameaçam esmagar-nos - não somente os problemas ambientais, a tecnologia nuclear e a engenharia genética, mas também o crime e o terrorismo globalizados (KUNG, 2005). 

As diversas e antigas tradições religiosas, fundamentais na montagem dos processos civilizatórios, na cosmificação do mundo como anota Peter Berger, teceram e tecem o fio tênue da conversação por onde se constroem os sentidos e as relações humanas. Bem verdade os fenômenos religiosos experimentam mudanças, afetados que são pelas contingências históricas, onde se verificam a crescente subjetivação e individualização da fé e o decaimento da religião dogmática. As organizações internacionais se voltam preocupados com a onda de violência e banalização da vida, a erosão dos valores e o desrespeito às diferenças. 

Perguntam-se pelos modelos de sociedades que construímos, suspeitando de seus fundamentos. Que horizontes nos esperam? Se a casa, o “oikos” está ameaçado em suas bases de sustentação, como re-orientar a caminhada dos povos, qual o papel que as religiões e o diálogo entre elas desempenham como tarefa para elaboração de um mundo melhor? Partindo destas inquietações convidamos vocês a navegarem juntos, um pouco à deriva, em águas profundas e revoltas, buscando vislumbrar novos horizontes ou pelo menos pistas de novos rumos. 

E aqui repito como a personagem Riobaldo em Grandes Sertões Veredas de Guimarães Rosa: (...) eu cá não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo rio... Uma só, para mim é pouca ,talvez não me chegue.(...)

Tudo me quieta, me suspende. Qualquer sombrinha me refresca. Estremeço. Como não ter Deus?!Com Deus existindo tudo dá esperança, sempre o milagre é possível, o mundo se resolve. (...) 

Mas se não tem Deus, há de a gente perdidos no vai e vem, e a vida é burra. (...) 

Tendo Deus é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo. Esta pérola da literatura brasileira traduz pra nós a importância da religião na vida de nossa gente. Desejo e esperança como confessa o pensador Feuerbach “A religião é o solene desvelar dos tesouros ocultos do homem, a revelação de seus pensamentos mais íntimos, a confissão pública de seus segredos de amor”.

Jorge Nery. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário